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COVID-19 E A NECESSIDADE DO CUIDADO DA SAÚDE MENTAL PARA A PREVENÇÃO DO SUICÍDIO.

  • observatoriojuridico
  • 5 de set. de 2020
  • 5 min de leitura

O cuidado com a saúde mental não é um tema recente. Calcula-se que tão somente no ano de 2016, tenham ocorrido pelo menos 793 mil casos de suicídio, segundo a Organização da Saúde[1].

Com o advento da pandemia causada pelo Covid-19, procurou-se diagnosticar suas consequências, não apenas no âmbito político ou financeiro, mas principalmente no social. Nesse sentido, alguns estudos apontaram um possível aumento nos índices de suicídio[2].

Importante destacar que a pandemia é um cenário calamitoso e que tende a trazer perdas e sofrimentos, no âmbito social, material, econômicos, bem como de vida para a sociedade. A pandemia atinge a todos, contudo, de formas diferentes.

Assim, é sabido que o suicídio tem as mais variadas causas, sendo um fenômeno complexo e multifatorial, contudo, é certo que os impactos causados pela pandemia, especialmente sobre populações vulneráveis, influenciam em comportamentos que podem induzir ao suicídio, necessitando, desse modo, de medidas de prevenção.

Uma das várias consequências da pandemia que podem influenciar no problema abordado é o afastamento social, especialmente para a população mais idosa, uma vez que estão no grupo das pessoas mais vulneráveis contra o novo coronavírus.

Deste modo, em momentos de isolamento social, bem como o processo de luto privado, os idosos constituem um grupo sensível, não apenas ao vírus, mas também à solidão e ao isolamento.

Em estudos nos impactos da doença da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), pesquisadores anotaram que várias pessoas idosas possuíam medo de tornar-se um fardo para suas famílias, o que impactava nos índices de suicídio[3].

No mesmo sentido, o psiquiatra Eduardo Perin entende que a Covid-19 pode impactar a saúde mental de quem contrai a doença de muitas maneiras. Uma delas é o medo intenso da morte, que pode geral pânico, ansiedade, angústia e estresse. O psiquiatra afirma ainda, que a doença pode piorar quadros anteriores de transtornos psicológicos[4].

Portanto, é necessária a atenção a esses fatores de riscos e de proteção para amenizar o suicídio e proteger quem amamos.

Neste contexto de combate ao vírus e as ações de minimizar as consequências da pandemia, importante salientar a Lei n°. 14.018 de 29 de Junho de 2020 que dispõe sobre a prestação de auxílio financeiro pela União as instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), no exercício de 2020, em razão do enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus (Covid-19).

Outros problemas acentuados pela pandemia, inclusive já tratado em outros textos, foi o aumento do desemprego e violência doméstica, que potencializam as sensações de medo, pânico, tristeza, insegurança e ansiedade[5].

O desemprego pode fazer surgir à sensação de fracasso e humilhação e, diante no cenário de recessão e de notícias diárias de queda da economia e aumento do desemprego, a pessoa pode se sentir aprisionada, incapaz de visualizar perspectivas futuras otimistas, em decorrência da perda de renda.

Tais fatores apenas reforçam a importância do auxílio emergencial, disponibilizado para pessoas em condição de vulnerabilidade social.

No contexto da violência doméstica, é cediço a violação de um direito, sendo nos casos de menores, trabalho e competência dos conselhos tutelares de cuidar da família e proteger o direito dos jovens, bem como realizar os encaminhamentos a setores da sociedade especializados no assunto, como as unidades de atendimento psicológico.

Portanto, verifica-se que práticas e políticas públicas voltadas para a promoção de saúde mental e prevenção do suicídio são de extrema relevância nesse atual cenário de pandemia visando aumentar os fatores de proteção, bem como a diminuição dos fatores de risco.

Assim, ações visando assegurar o mínimo existencial para a estabilidade financeira da população mais vulnerável, reforços e ampliação das medidas de segurança pública e suporte a vítimas de violência doméstica são medidas que visam diminuir os fatores de risco.

Além disso, no âmbito do combate ao suicídio, além de cuidar de si mesmo, é de extrema importância saber o que fazer pelos outros.

A recomendação que se tem é de prestar atenção em comportamentos estranhos, que sinalizem mudanças e diferentes hábitos, como a ausência de notícias. Daí a importância de redes de apoios, para procurar ajudar com responsabilidade (sem julgar ou criticar o que está sendo relatado) e, principalmente, com empatia. Contudo, procurar ajuda especializada é altamente recomendável.

Ressalte-se: o suicídio é um assunto extremamente delicado. Se você sente que precisa de algum auxílio, entre em contato com algum(a) profissional especializado(a) ou com o Centro de Valorização da Vida (CVV), através do número 188 ou através do site https://www.cvv.org.br/. Profissionais desta ONG estão disponíveis 24 horas para poder lhe ajudar.

Destarte, a pandemia trouxe inúmeras incertezas, como sua própria duração, quantidade de mortes, recuperação financeira e os novos modos de viver durante e após a pandemia. Esses fatores acabam por influenciar em um tema delicado, o que pode aumentar o número do índice por suicídio. Assim, estratégias de prevenção é o cerne do combate a mitigação desses números e, conforme visto, felizmente há pesquisas e ações visando tais objetivos.

Quanto a nós, cidadãos, avós, pais, mães, filhos e filhas, restam uma atenção redobrada ao nosso entorno de modo a prestar um apoio social e familiar sólido, buscando sempre a esperança, a religiosidade – independentemente de afiliação religiosa – e integração social, ainda que de forma virtualizada, a fim de construir uma sociedade empática e responsável, afinal, esse cuidado e atenção, não deve ser empregado tão somente em setembro, mas vinte quatro horas por dia nos trezentos e sessenta e cinco dias do ano.


REFERÊNCIAS:

BUSO, Murilo Vasques. Suicídios e COVID-19: algumas considerações. Comporte-se: piscologia. Análise do comportamento, 2020. Disponível em: <https://www.comportese.com/2020/07/suicidios-e-covid-19-algumas-consideracoes>. Acesso em: 02, set. 2020.


CAMPION, Jhonatan. et al. Addressing the public mental health challenge of COVID-19. THE LANCET, Psychiatry, v. 07, ISSUE 8, p. 657-659, August 01, 2020. Disponível em: <https://www.thelancet.com/journals/lanpsy/article/PIIS2215-0366(20)30240-6/fulltext>. Acesso em 02 Set. 2020.


CHALET, Aline. Saiba como lidar com o medo e a angústia de ter o Covid-19. R7 Saúde, 2020. Disponível em: <https://noticias.r7.com/saude/saiba-como-lidar-com-o-medo-e-a-angustia-de-ter-covid-19-08082020>. Acesso em: 02, set. 2020.

FIOCRUZ, Fundação Oswaldo Cruz. Saúde Mental e atenção psicossocial na pandemia COVID-19. 2020. Disponível em: <https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/05/cartilha_prevencaosuicidio.pdf>. Acesso em: 02, Set. 2020.

OBSERVATÓRIO JURÍDICO, 2020. Medidas de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra mulher em tempos de pandemia. Disponível em: <https://observatoriojuridi.wixsite.com/website/post/medidas-de-enfrentamento-%C3%A0-viol%C3%AAncia-dom%C3%A9stica-e-familiar-contra-mulher-em-tempos-de-pandemia>. Acesso em: 02, set. 2020.


REIS, Wellington. Covid-19 pode estar elevando o número de suicídios no mundo. SOCIENTIFICA, 2020. Disponível em: <https://socientifica.com.br/covid-19-pode-estar-elevando-o-numero-de-suicidios-no-mundo/>. Acesso em: 02, Set. 2020.


RIBEIRO, Bruno; SILVA. Anna Lúcia. Compreensão, diálogo e amparo: suicídio de jovens durante quarentena da Covid-19 preocupa profissionais da saúde mental no Centro-Oeste. G1, 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/mg/centro-oeste/noticia/2020/07/19/compreensao-dialogo-e-amparo-suicidio-de-jovens-durante-quarentena-da-covid-19-preocupa-profissionais-da-saude-mental-no-centro-oeste.ghtml>. Acesso em: 02, Set. 2020.


SAKAMOTO, Leonardo. Atendimento do Samu relacionado a suicídio cresce durante a pandemia. UOL, 2020. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto/2020/05/31/atendimento-de-urgencia-relacionado-a-suicidio-cresce-durante-a-pandemia.htm>. Acesso em: 02, Set. 2020.


WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global Health Observatory (GHO) data, 2016. Disponível em: <https://www.who.int/gho/mental_health/suicide_rates/en/>. Acesso em: 02 de set. de 2020.

YIP, P. S. F. et al. The impact of epidemic outbreak: The case of severe acute respiratory syndrome (SARS) and suicide among older adults in Hong Kong. Crisis, v. 31, n. 2, p. 86-92, 2010.

 
 
 

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